Poucas frases foram tão repetidas e tão necessárias durante os últimos meses, quanto “fique em casa”. Com o mundo em pausa para se proteger do maior dos desafios em gerações, cada um lidou como pode — e lida até hoje — com as restrições.
Equilíbrio
“Claro que ali no começo, no primeiro momento, a gente se recolheu, bateu aquele desespero. Mas já no segundo momento, eu me preocupei com os funcionários, com os empregos e em como a gente ia fazer pra manter e auxiliar todo mundo na medida do possível”. É o que nos conta Cynthia Freitas, dona de um salão de beleza na capital. O digital, é claro, foi a grande saída para preservar a equipe, mas a pandemia também trouxe uma transformação mais profunda para a empresária.
Com a pandemia, Cynthia passou a cuidar de forma mais dedicada da saúde mental. “Eu comecei a fazer terapia, e isso me ajudou bastante”. A jornada de autodescoberta também foi combustível para que ela realizasse um antigo sonho: ter uma casa sobre rodas. “Apesar de ser dona de salão e ter essa veia artística, sempre tive esse espírito aventureiro, sabe? Amo viajar, descobrir lugares… e o meu marido também. Foi aí que decidimos colocar em prática essa ideia”.
De São Paulo a Fortaleza
Para realizar o sonho do motorhome, Cynthia e o marido foram até São Paulo buscar o veículo. No caminho, já vieram aproveitando o melhor da casa sobre rodas. “Já que tínhamos que ficar em casa, não podíamos viajar, colocamos a casa para viajar”.
No caminho, os perrengues foram muitos. “A gente pegou uma rota errada, andamos mais de 100 km a mais. Pegamos uma serra e, do nada, faltou freio no carro”. O sufoco foi contornado e o casal seguiu para para Paraty, no Rio, primeira entre muitas paradas. Na rota da aventura, Cynthia e o marido ainda passaram pelo Espírito Santo, Bahia e Pernambuco, entre outros estados.
“Nas paradas, dormíamos em campings apropriados, como o de Porto Seguro, onde a gente viveu um momento muito especial com outros casais, compartilhando nossas histórias. Mas muitas vezes, quando não tinha nada próximo, a gente se virava. Chegamos a passar a noite em um posto de gasolina”.
A aventura foi positiva e uma nova viagem já está no radar, desta vez para mais perto, Icapuí, no litoral cearense.